Faz hoje 22 anos...
...tinha eu 16 anos...
....sentia umas picaditas nas costas, estava na Hora, e lá segui rumo ao Hospital da Cruz Vermelha, com a minha mãe a conduzir o seu fabuloso Fiat Panda.
Vestiram-me uma bata branca terrível, com a qual me sentia completamente nua no meio dos corredores do Hospital (esta foi a verdadeira marca negativa daquele dia).
Já na sala de partos com a minha mãe e tia ambas mais nervosas que eu, lá esperava que a Joana decidisse que chegava a hora.... eram quase 5 da tarde e as dores apertavam, aí a minha infantilidade gritou mais forte e com ela eu pedia para voltar no dia seguinte, chamava pela minha mãe que me respondia que ali estava, à qual eu respondi prontamente, "então quero o meu pai". Com os nervos próprios de um nascimento e de quem assistia a uma criança de 16 anos a ter outra, os quase 45 minutos pareceram uma eternidade e eis que CHEGOU A JOANA.
Era feiosa, peluda, mas era minha e por isso linda de morrer.
Marcas desse dia, negativas não as tenho, positivas, tenho muitas: além da minha querida filha, ficaram as marcas nas mãos da minha mãe e da minha tia (ambas Maria do Rosário) as quais não larguei durante todo os minutos e apertei com a esperança de ganhar a experiência e coragem de ambas, o nervosismo do meu pai, o espanto do meu irmão Francisco, o amor do meu irmão Manuel.
Foi um dia diferente, inesquecível e tudo isso porque nasceu a Joana.
(fotografia de Maria José Ramôa from Olhares.com)
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